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Clayton Arantes denunciou o juiz Paulo Martini por venda de senteça |
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) vai recorrer à
Política Técnica da Secretaria de Estado de Segurança, a Politec, ou à Polícia
Federal para promover uma perícia na distribuição de processos da Comarca de
Sino (400 km ao Norte de Cuiabá) a fim de investigar denúncia de venda de
sentença que pesa contra o juiz Paulo Martini.
A decisão foi tomada na sessão de ontem do Tribunal Pleno ao
julgar o processo contra o juiz Paulo Martini, daquela Comarca, onde ele é
acusado de venda de sentença e esquema fraudulento na distribuição de
processos. E caso o resultado da perícia comprove a denúncia de irregularidade,
o TJ abrirá um novo processo administrativo disciplinar contra o juiz Paulo
Martini. A denúncia partiu do produtor rural e jornalista Clayton Arantes em
2011.
Durante seu voto, o corregedor Sebastião de Moraes defendeu
o arquivamento do processo alegando não ter encontrado indícios de direcionamento
na forma de distribuição das ações naquela Comarca. No entanto, o desembargador
Luiz Carlos da Costa, bastante contundente, divergiu do corregedor ao
apresentar um levantamento no sistema de distribuição de Sinop e cujo resultado
revelou fortes indícios de direcionamento.
Diante da manifestação do desembargador Luiz Carlos e
números por ele revelados, o presidente do TJ, desembargador Orlando Perri,
sugeriu a perícia técnica na Comarca de Sinop pela Polícia Técnica ou pela
Polícia Federal.
Quando atuava como corregedor geral de Justiça, o
desembargador Márcio Vidal apresentou um relatório sobre a denúncia contra o
juiz Paulo Martini no qual citou o vício na distribuição de processos em Sinop.
A auditoria verificou, por exemplo, que das 126 ações do
advogado Flávio Américo Vieira em trâmite naquela comarca, 115 estavam nas mãos
de Paulo Martini. E das 187 ações do advogado Ledocir Anholete, 170 estavam na vara em que o juiz Paulo
Martini jurisdiciona.
A auditoria ainda apontou indícios de que diversos advogados
daquela comarca estavam sendo ameaçados de represálias ao exercerem sua
profissão o que inclusive foi motivo de ato de desagravo por parte da advogada
Soraide Castro em desfavor de Paulo Martine.
O caso - Em 2011, Clayton ficou por mais de uma semana
acampado em frente ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso consumindo apenas
líquidos. À época denunciou o referido juiz à Corregedoria. Consta da denúncia
formulada por Clayton que, mesmo com um sistema eletrônico de distribuição de
processos, estranhamente, as causas defendidas pelos advogados Flávio Américo
Vieira e Ledocir Anholete, só eram julgadas por Paulo Martini.
O agricultor diz ter sido prejudicado pelo magistrado em uma
ação de reintegração de posse. Arantes teria comprado o imóvel em 1998 e, em
2003, uma decisão de Martini fez com que ele perdesse a propriedade para
família Rodrigues.
No bojo da ação penal do MPE consta o pedido de afastamento
contra o juiz devido ao risco de prejuízos gerado à magistratura pela
permanência de Martini.
Desde 2006 Martini é investigado e o Conselho Nacional de
Justiça (CNJ) acompanha o processo. O caso está sob cuidados do procurador
Hélio Faust, e o processo corre sob sigilo judicial.
Arantes informou que espera que o juiz seja afastado do
cargo e que a sentença dada em 2003, favorável à família Rodrigues, com quem
ele disputa mil hectares de uma fazenda em Santa Carmem (a 100 km de Sinop),
seja suspenso.
A família Rodrigues teria conseguido uma liminar de reintegração
de posse há dois meses, retirando o arrendatário da área. Clayton deixou a área
em 2009, depois de sofrer ameaças. Ele revelou que nem mora mais em Mato
Grosso.
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