Magistrado refutou denúncias de produtor rural, diz ter provas de sua inocência e que vai continuar "descendo a caneta"
O juiz Paulo Martini, da Comarca de Sinop (500 km ao Norte de Cuiabá), negou todas as acusações do produtor rural Clayton Arantes, 52, que decidiu iniciar uma greve de fome, em forma de protesto, em frente ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
O produtor acusa o magistrado de ser parcial e agir em conluio com dois advogados de Sinop para prejudicá-lo em processos judiciais.
Em entrevista ao MidiaNews, Paulo Martini negou envolvimento com os advogados Flávio Américo Vieira e Ledocir Alonheto. "São dois advogados que atuam aqui em Sinop, como qualquer outro", resumiu o juiz.
Sobre o processo do produtor rural, envolvendo uma área de mais de 2 mil hectares, Martini afirmou que proferiu uma sentença, em 2004, e que sua decisão foi confirmada pelo Tribunal de Justiça e pelo Superior Tribunal de Justiça.
"Esse senhor se sentiu prejudicado por uma sentença minha. Ele queria ludibriar uma senhora de 70 anos, que tem um esposo deficiente. A minha sentença foi confirmada pelo Tribunal de Justiça e pelo Superior Tribunal de Justiça e foi transitado em julgado. Por que ele não busca reformar a sentença, que foi confirmada pelos tribunais superiores?", questionou o magistrado.
O juiz afirmou que, após sofrer diversas ameaças por parte do produtor rural, decidiu deixar o processo. "Ele já me ameaçou, mandou recados de diversas formas. Eu saí do processo por motivo de foro íntimo. Fiquei impressionado com a capacidade desse senhor. Mas, estou muito tranqüilo, acredito na Justiça. E, como qualquer cidadão, tenho presunção de inocência e vou ter os meus direitos de ampla defesa e contraditório para provar que essas acusações são levianas. Estou muito tranqüilo mesmo", reforçou Martini.
"Ser magistrado desagrada"
Paulo Martini contou que essa não é a primeira vez que ele é intimidado, por conta de sua atuação na Comarca de Sinop.
"Ser magistrado desagrada muita gente. Sempre que você decide um processo em favor de uma parte, a outra se sente prejudicada, se sente ferida. O Poder Judiciário lida com vidas, com pessoas, com bens. Não decidimos sobre jogo de futebol. Uma parte sempre perde. E ele [Clayton Arantes] perdeu, não foi só pela minha caneta, foi pelas diversas instâncias da Jutiça", afirmou juiz.
"Vou continuar descendo a caneta"
Mesmo com as acusações feitas pelo produtor rural, o juiz Paulo Martini afirmou que vai continuar realizando seu trabalho normalmente. Ele descartou pedir remoção da cidade ou abandonar a profissão.
"Eu vou continuar trabalhando, como sempre. Vou descer a caneta mesmo, agrade quem agradar, incomode a quem incomodar. Vou continuar julgando com a minha consciência e de acordo com os autos do processo em que eu estiver julgando. Eu não temo ninguém. O único que eu temo é Deus, a quem eu sigo todos os dias", completou o magistrado.
"Presidente da OAB está se promovendo"
O magistrado também criticou a postura do presidente da seccional de Mato Grosso da Ordem dos Advogados do Brasil, Cláudio Stabile. Para o juiz, Stabile aproveitou-se das denúncias do produtor rural para dar entrevistas a veículos de comunicação e "se aparecer".
"O que me chama a atenção é o presidente da OAB dar guarida, dar entrevistas e se promover em cima de um pobre coitado que esteja reivindicando aquilo que talvez seja a última tábua de salvação da vida dele. Esses maus profissionais fazem esse tipo de coisa", afirmou o juiz.
"Vou buscar meus direitos"
Martini afirmou que, em um primeiro momento, irá se defender de todas as acusações com provas, que, segundo ele, vão confirmar sua inocência de todas as acusações. Depois disso, ele afirmou que vai buscar seus direitos.
"Eu vou me defender com as provas que tenho, que são suficientes para provar que tudo não passa de denúncias levianas. Eu não vou atacar ninguém. Depois, sim, vou buscar os meus direitos de reparação de todos os ataques que estou sofrendo", afirmou o magistrado, numa clara referência de um processo de indenização por danos morais.
"A verdade costuma demorar. Mas, sempre ela vem à tona. Eu estou aqui tranqüilo, com a certeza de que a verdade vai prevalecer no fim disso tudo. E toda a sociedade verá quem está certo e quem está errado nisso", completou.
Fonte: Midia Mews
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